quarta-feira, 17 de março de 2010

Era o demônio

Era o demônio infante, com seus oito anos de idade e maligna astúcia. A mãe dizia que “não”. Que crianças não são ruins. Cria, a coitada, que Rousseau tinha razão. Até que a coisa, aquilo, ela, a criança, pintou com batom sutil a gola branca da camisa do pai. Sabia, é óbvio, as conseqüências, mas o genitor negara-lhe o jogo de vídeo game que queria, e queria, e queria. E riu oculto, da fúria da mãe com o pai; dos gritos de ódio da suposta traída; da defesa vã do homem inocente. Então simulou o choro sentido, o sofrimento de pureza infantil que, sim, cessaria, com o conquistado jogo de videogame.

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