terça-feira, 23 de março de 2010

Na mala

Na mala, além de alguns reles pertences, havia uma carta do prefeito de sua cidadezinha de origem, recomendando o homem ao deputado Tavares de Bernardo. Dizia que ele se chamava Alfredo, que sempre fora honesto, trabalhador e arrimo de família. Dizia que depois da morte dos seus foi educado por parentes do próprio prefeito, que nunca deixou de cumprir uma única ordem, que aprendeu muito cedo a ler como ninguém, que lia tão bem que fora designado pelo padre, para ler os textos bíblicos das missas. Dizia que o ar de distraído que carregava no semblante era apenas aparente, que jamais perdeu um horário, que sempre se dispunha a auxiliar o próximo. Pedia, enfim, uma chance de trabalho para Alfredo, fosse onde fosse, houvesse o que houvesse.O deputado Tavares de Bernardo só ficou sabendo de Alfredo pela polícia da capital, que achou por bem entregar-lhe a carta, encontrada com o morto, atropelado na avenida Central.

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