domingo, 7 de março de 2010

A mostra de arte

A mostra de arte popular foi instalada sobre um banco de areia, destinado a tapar o buraco de uma erosão galopante, que engolia tudo o que lhe estivesse em cima. Lenta e progressivamente, a areia descia para um buraco sem fim, sabe-se lá para preencher qual oco da Terra.
Artistas mortos riam do céu, observando a corrida de compradores afoitos. Os vivos dessabidos agradeciam-lhes a influência. E aquele salão improvisado afundava. Um compre antes que acabe literal. Madames enchiam sacolas de bonecos vitalinos. Espertos enrolavam telas com anjos e caras de Poteiro. Embalavam Silvas e Ivonaldos. Os consumidores, porém, não levaram tudo. A areia com as obras acabou tragada pela Terra faminta. A arte submergiu no solo movediço.

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