Mania de desconhecer a história. O hexavô, doce e amável, dizia que o pai, açoriano por acaso, era quem fazia as botinas de couro sob encomenda, ao Infante Dom Henrique. Ele, não. Chegou a ler algumas letras, o que lhe valeu o cargo de despachante-em-terra das cartas de Caminha, e acabou por ficar no Brasil. O pentavô abaianou-se. Quando conheceu a mulata desavergonhada Lili, ficou ali, às voltas de São Salvador. Nasceu o tataravô, com sonhos de governar cabana, e vinha, quando mal sabia dar ordens na cozinha. O trisavô desceu para as Minas. Rodeou o ouro que o diabo fundiu. Foi Francisco, o Lisboa, o Aleijadinho, quem bateu à casa para reclamar, quando o bisavô, demônio de criança, quebrara-lhe a orelha de um anjo. O avô nasceu logo depois, mas não ficou. Imaginou-se liberal paulista, tamanha a sua paixão pelo café com pão. Viveu muito da dieta. Conheceu, e se casou com Maria Mariana, uma catarinense açoriana. Lesse a Bíblia, e o filho deles entenderia o Gênesis. A ler, preferia fazer filhos. Cujos filhos não largam os livros de Paulo Coelho...
sábado, 11 de julho de 2009
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