sábado, 18 de julho de 2009

Dei um pé

Dei um pé na bunda de Odete. Os senhores perdoem a palavra chula, usei a “bunda”, mas liberdade assim só sentia quando moleque, e saía correndo feliz e sem rumo até ser dominado pela tristeza daquela liberdade sem sentido.
Vejam melhor, os senhores, Odete era daquelas detalhistas sádicas: um copo de cerveja, nos bate-papos com os amigos; duas colheres de arroz em cada refeição, quando deu para vigiar o peso; quinze minutos de esteira, para a barriga tanquinho; uma única posição e, bem, não quero entrar em detalhes. “Tudo que se ganha em ordem no detalhe, se perde no todo”, disse uma cara aí, Robert Musil, se não me engano. E ainda me mandou para análise!
Gastei horas e burras com aquelas doidas: ela e a psicóloga. Quando deu pra ler Agatha Christie, pensei, é o Jack Kerouac que me faltava. Sim, ela vai simular um crime perfeito. E adivinha quem será a vítima? Eu, heim? Odete que se encante com um contador, para carimbar, no lugar certinho, suas guias de recolhimento...

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