sexta-feira, 24 de julho de 2009

Casamento a todo

Casamento a todo o custo. A superficialidade do sonho levou Priscila, neo-quatrocentona, a amarrar o noivo. Com o esforço de uma louca que quer espetar com uma agulha um pardal que voa livre, marcou data e imprimiu convites. Pousou a mão nos cabelos de Alberto, fazendo pulsar ali embaixo o ritmo confuso de seus pensamentos, na ânsia de tocá-los com os dedos.
Agendou o enlace com o padre e amarrou o nome da rival num pano vermelho, com a aspiração de que, naquela encruzilhada, Alberto, guiado pelas trevas, seguisse mão única, a dela própria, evidentemente. Galinhas e velas, marafos e gamelas, bufes e cinderelas, arrumações tagarelas: - Contratou o fotógrafo? Escolheu as músicas? Coreografou os parentes? Elegeu os enfeites? Selecionou os salgados? Não, obrigado, estou sem comer, pra não correr o risco de estourar o vestido de noiva.
Flashes, luzes e festa farta. Na lua-de-mel no exterior, uma coisa interior. A natureza tem uma estranha propensão a produzir evidências. Alberto nem desfez a mala, desfez-se da mala, do circo armado... e voou de volta à Juraci.

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