quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espio fechaduras

Espio fechaduras e buraquinhos desde quando descobri as chaves. Se já vi coisas do arco da velha...
Meto olho lá, feito flecha em chama nos telhados de palha. Não me escapa um ó. Glorinha, a prima gorda, cheguei a ver depenada. Até a vó, coitada, vi lambuzar a virilha escura com leite de rosas. Tio Ronaldo tinha uma mania estranha de ficar mexendo na partes. Depois escondia o livrinho branco, cheio de desenhos de mulher pelada, embaixo do colchão de palha. Vai ver foi por isso que ele amarelou.
No meu primeiro emprego, vi aquele loirão dando um saco de dinheiro pro prefeito. Até brinquei com ele, quando saia da repartição. Ê seo Prefeito, dá um pouquinho pra nós! De noite vieram aqueles homens, nervosos, e me quebraram esse braço, de tanta pancada. Diziam “’cê num viu nada, ‘cê num viu nada”. Chamaram-me de sem vergonha, de fazedor de coisa errada. Agora só tenho esse emprego aqui, na casa dos padres. É ruim, mas vejo cada coisa!

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