segunda-feira, 13 de julho de 2009

Colibri não pia


Colibri não pia, parece que estampe. Um canto martelado, como se chamasse a fêmea abreviando o verbo estar: to, to, to, to... Parado. Assentado. Sem as performances do vôo que o consagram. Não se pode assoviar e chupar cana. Cantar e beijar a flor.
Nem se vê a parceira do bem-te-vi. E ele pia em três notas. Voz média e modulada, rica em repetição. Meio minimalista o bichinho. Fosse mais novo, e o pensaríamos adestrado a Philip Glass. Cara bandida de máscara negra, riscada no rosto, sobre a cabeça branca. Veste gorro preto e estufa o peito amarelo, quando clama amor.
Gumercindo da Silva Palhares diz todo momento que é “muito homem”. Não pia, nem estampe, que dirá saber voar. Para conquistar Maria Camila mandou um buquê de rosas vermelhas e um cartão, com um poema meloso. Até subiu à cobertura do prédio, com o telefone celular carregado, para um retorno agradecido. Lá, o sinal é ótimo, ainda que não capte as sabedorias da natureza.

Um comentário:

  1. Este seu 'colibri' pia...pia em sensibilidade. Abraços, Liliane Prado.

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