sábado, 18 de setembro de 2010

Por habitarem

Por habitarem visões esguias os olhos de Judite tornaram-se nervosos. Viam paqueras onde havia pena; desejos, onde desdém. Nem era mais seu excessivo peso o desequilíbrio da balança, era a caça contínua que espantava os olhados, ainda que viessem a ser pretendentes. Judite era a chama que olha, sem arder. O fogo às tontas, que queimava intenções. Por se achar bela e caçadora, abatia a caça antes do bote; comia verde, beneficências maduras. E é lógico que não foi cegueira a miragem de Edgar. Houve o gesto de fazer-se visto. O plasma para tornar-se imagem, mas Judite, de novo, errou no foco. E Edgar, seu amor que seria eterno, etéreo apagou. “Eu vazo à vista dela”, disse transparente ao amigo Omar. Amigo real.

Um comentário:

  1. Impressionante, meu caro, como você capta o cotidiano. Leitura obrigatória pra quem gosta de boa escrita. Beijos.

    ResponderExcluir