terça-feira, 14 de setembro de 2010

No manual

No manual, as referências eram dadas àqueles que não precisavam delas. Nos botões, a força de um vago saber atrapalhava as teclas. O resultado foi um ruído infernal, que só terminou quando o dentista desligou a tomada da parede, para o êxtase da paciente, que suava até os dentes. A nova cadeira para tratamentos estabelecia larga vantagem sobre a antiga, pena, os botões. As confissões prolixas do concorrente começavam a tomar vulto. José, o dentista adquirente, vibrou com as antenas, configurações, sensores digitais e frases ocasionais, em chinês tecnológico. Depois, os cabos, os plugs e a inexatidão dos encaixes, naturalmente, nos buracos errados. Continuaria indefinidamente aquela montagem, não fosse a decisão contundente da cliente: “vou tratar meus dentes na China!”.

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