quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Frenético no trabalho

Frenético no trabalho nunca foi. Seu ritmo era contínuo. Jamais participou de “momento histórico” algum. Até esteve naquilo que chamava de “ocasiões”, mas Lupércio era categórico: “a história não tem momentos determinantes, mas é uma proliferação de instantes, de brevidades que competem entre si monstruosamente”. E radicalizou, faltando ao velório da mulher do patrão, morta com toda a pompa e circunstância de um cartão-de-ponto. Veio a advertência, ele protestou. Chamou o imediato, o gerente, o vice-presidente e, pior, a mídia. O caso logo ganhou repercussão dado assédio moral pelo qual Lupércio passou, mas havia a mítica nacional: no câncer, se é solidário. E o juiz do trabalho do lugar soltou o veredicto contra o solicitante: “causa improcedente, por difamação de cadáver”.

Um comentário:

  1. Este espaço está cada vez melhor! Sinto muitíssimo não ter ido ao lançamento. Meus furos são contínuos e indisculpáveis. Mesmo assim, peço desculpas. Sucesso! Bj.

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