sábado, 4 de setembro de 2010

Desbotada

Desbotada, a camisa do timão cobria as partes baixas de Amanda. Seu crioulo era ignorância latente com a situação, com os outros. Ninguém se aproximava muito. Justo ela, da galera, ali... Antes, só era vista aos gritos, óóóhhhsss e vibração intensa, entre um bando de loucos que se auto-manifestava: “aqui tem um bando de louco, louco por ti Corínthians”. Vista em silêncio, de esguelha e verde, era traição. Expressão da impassibilidade, logo depois de gol sofrido. Perfídia aos filhos alvinegros. Então o funk, o tom, batuque excêntrico de uma existência, estendidos no meio-fio feito trama de tango, assim, meio tragédia grega. Atropelada pelo ônibus de seu time, Amanda foi expulsa de campo, no momento do pênalti favorável. Do alto, os gaviões, ao mesmo tempo em que se compraziam do vôo, olhavam vigilantes, com seus olhos capazes de discernir o mais ínfimo movimento lá embaixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário