terça-feira, 21 de setembro de 2010

Converteu-se depois

Converteu-se depois do susto. Largou o pastor falando e foi conversar no bar. Até palmas batia naquela igreja: velho salão onde antes havia bailes. Foi à avessa que optou feliz. Trocou a oração gritada pela cerveja silenciosa, claro, gelada. “Espumar por espumar, prefiro que seja o copo, não minha boca, com demônios baixados”, disse terno ao Antônio, do armazém. Sua proeza também reza. Proeminentes pregações no balcão de pedra, que passaram a reunir mais e mais fregueses no boteco cordial. Deu-se que pastoreou pais de família, convertendo todos à redenção pelo bolinho de aipim, à crença na alegria etílica, à salvação pela prosa. Gente de bem, que passava por lá para a prece diária após o expediente na fábrica. Não tardou sagrar-se bispo do lugar. Especialmente quando convencionou que “amém” equivalia a “desce outra”. E os anjos diziam amém...


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