sábado, 16 de janeiro de 2010

Outra vez

Outra vez o Maquidonalde vem com essa história de voar. Leu uns livros, lá, de homem-pássaro, aviador-maluco, santo do monte, sei lá. Essas coisas de super-homem. Coitado, eu tenho dó. A avó dele já gastou todo o cofrinho das costuras sob encomenda para comprar tiras daquela madeira leve. Aquela... que os homens adultos com jeito de moleques costumam usar para montar aviõezinhos. O torto do Maquidonalde disse pra ela que com aquilo, sim, era capaz de montar umas asas firmes, o louco. O dinheiro não deu pra cola, ele me disse, mas achou que a linha de pescar seguraria as asas e ele, ambos no ar. Eu fui o soltador de pipa. A pipa, é lógico, era ele. Falei, falei, falei que aquilo não iria dar certo. Mas você conhece o Maquidolade? É indigesto como aqueles sanduíches de pepino em conserva. Amarramos a coisa no pára-choque traseiro do golzão azul do tio Juca, e demos linha: três metros, quatro metros, cinco metros, e não é que o Maquidonalde saiu do chão. Voou bem uns dez metros, com os braços-de-asas abertos, até enroscar no fio da eletricidade. Caiu cheio de coisas e choques. Torrou a carne, mas não morreu... frangão assado!

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