quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Cândido, o professor

Cândido, o professor sentava-se labiríntico em meio à mata que entornava o campus. Evitava encontrar-se com pessoas, para buscar as palavras nas folhas em formato de coração, com dois tons de verde: o mais claro, nas pontas. Não era pequenez ou estreiteza contra humanos, era magnitude.
O calor das moças letradas receberia a combustão das idéias, trava-línguas dos desejos no feitio de um poema caprichoso e denso. Cândido, o professor imacularia razões impuras, transfiguraria essências reticentes em compreensões evidentes. Era assim. O seu espesso pensamento revelaria a fineza de um adjetivo carinhoso. A gravidade de seu conhecimento, a ponderação de um aprendizado sólido e simples.
Encerrada a aula do dia, guardaria a realização na pasta de documentos que carregava dependurada à mão esquerda. Logo a abriria às folhas e suas pontas verde-claras, para nova troca de gentilezas com Deus.

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