sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Era um Davi

Era um Davi, meio Golias. Pequenino e troncudo mantinha todas as características da espécie: uma enorme motocicleta, com suas muitas cilindradas, e Priscila, uma mulher com poucos neurônios, quinze centímetros mais alta do que ele. Disfarçava a encabulação dessa pequenez usado sapatos apropriados, com plataformas mais altas, enquanto obrigava a mulher a vestir calçado baixo. Ainda assim, não tirava a diferença. Mas a invocação se deu num dos muitos churrascos que fazia em sua casa, para reunir os amigos, habitualmente mais altos. Notou que Telmo, depois de muito álcool, deu baixa na vergonha, e lançou olhadelas à Priscila. Como provavelmente não alcançasse as tamancas para subir, esperou a oportunidade ao rés do chão. Quando Telmo sentou-se para tocar outra moda melosa no violão que trouxera, olhar voltado à mulher do baixinho, percebeu que uma enorme nuvem de baixezas forma-se atrás de si. Mal dedilhou as cordas em dó menor, sentiu a maior dor na nuca que o houvera acometido em sua média existência. Era uma cabeçada do pequeno homem, em momento de grande ciúme.

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