sábado, 2 de janeiro de 2010

Depois ela quis

Depois ela quis um suco de fruta verdadeira. Daqueles, caros. Depois cismou com um vestido, lá, que viu na revista. Depois queria ir ao shopping center dos bacanas, comprar sei lá o quê, claro, com o meu 13º salário. Depois disse que estava enojada de andar na minha moto, por causa do vento, que desmanchava os seus cabelos. Depois falou que por ela eu poderia nem aparecer mais. Depois inventou umas dores: na cabeça, no braço, nas partes. Depois disparou rua abaixo, dizendo que, de pobre, bastava o pai dela. Depois veio com umas conversas bestas de um tal tio milionário, que oferecia mundos e fundos pra ela se mudar da cidade. Depois mostrou um colar, todo cheio de bolinhas brancas, que dizia ser de pérolas. Depois confessou, assim, aos gritos, como se eu fosse surdo, que o tio não pedia quase nada pra ela. Depois deu pra debochar de mim: que a minha calça era de otário, minha camisa era isso, minha cara aquilo. Depois não queria mais conversa comigo. Depois... bom, doutor, depois o senhor já sabe o que eu fiz!

2 comentários: