quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nem minha mãe

Nem minha mãe notou eu chegar. Ainda bem, os policias falaram que ela estava mentindo, mas não. Não tinha nem me visto sair, e disse que eu dormi a noite toda, sem sair do quartinho. Era convicção de mãe, mas a polícia às vezes é insensível. De qualquer maneira a dúvida dos caras pesou a meu favor. Depois, Darlene merecia morrer mesmo. Não precisava ter passado por tudo aquilo, coisa feia e nojenta, mas morrer, isso merecia. Fico pensando naquela cara, toda linda e falsa, dizendo-me as coisas bonitas e excitantes que dizia quando a gente conseguia ficar sozinhos. Eu sentia espanto e tesão ao mesmo tempo, mas era bom. Depois, apareceu aquele cara de demônio que escapou do presídio. Darlene deu pra sair com ele. Dizia que iam fumar um baseado, nada sério. Dizia que tomavam, às vezes, uma ou duas cervejinhas, tudo bem. Mas fui ficando com raiva. Ela nunca me disse, mas eu bem sabia que ela era a minha namorada.Quando a polícia me empurrou da cama, com gritos e pontapés, assustei. Fiquei atemorizado com aquela truculência. Era muita brutalidade em cima de quem, como disse minha mãe, nem tinha saído do quartinho.

2 comentários:

  1. E o senhor, hein???? Quando vai nos dar o prazer de se aventurar pelo Twitter, o grande hype da rede de relacionamentos deste século cheio de coisas feias????? Shalom, meu querido!

    ResponderExcluir
  2. Não duvide da convicção materna....

    ResponderExcluir