sábado, 22 de agosto de 2009

Não farei dele um homem

Não farei dele um homem mau só porque colocou Clara no seu devido lugar: à lama. Ninguém pensou nele quando ela foi se deitar com Júlio. Tinha acabado um erro e começou outro. Tudo outra vez.
Quando chamei Júlio tinha certeza do desacerto. Lourdes fala mal de mim, mas é ciúme. Arranca seus devaneios das vontades irrealizadas, para defender Honório, aquele porco chauvinista, que só tinha perversão no lugar do amor.
Minha euforia foi frágil demais. De mais a mais, sempre desejei Clara, mas estava fraco até para levantar o dedo mindinho, gripe elefantina, sei lá. Ela chegou como outro vírus. Chamam virose, aquilo que não conseguem definir.
Achar que desejo é perversão é coisa do lado casto da Clara, que de casta não tem nada. Fazia vezes de moça séria. Eu que sei das mordidas, dos cremes, das algemas... Forçava e recuava. Puro carnaval, com ares de quaresma. Sei que Lourdes amava Júlio, mas com o tempo isso muda. Estamos bem melhor, os dois, juntos.

Um comentário:

  1. Explico, velho Carlãozinho,
    o narrador é múltiplo, e este autor limitado. Cada parágrafo é dito uma voz. Assim a crôniquinha se compõe. Tá?
    Obrigado pelo e-mail... e um grande abraço.
    Alaor Ignácio

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