quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Parou no alto lá

Parou no “alto lá”! O policial lhe pediu a carteira e mediu-lhe a vergonha, ambas vencidas. Mas foi ao observar a cruz no peito, as vestes litúrgicas no banco traseiro e as insígnias episcopais adesivadas no painel do carro, que o soldado dos homens verificou tratar-se de um “soldado de Deus”. Padre, era o atropelador. Bateu e fugiu, como fizeram muitos dos oficiais romanos, ao tirarem uma casquinha de sordidez no corpo do Cristo, quando a caminho da cruz.
A fé não fora tamanha, para motivar a solidariedade aos atropelados. O álcool se incumbiu do resto. E não era o vinho do cálice da salvação, não. Pagãs latinhas de cerveja, entornadas ao susto.
O plano contra os pecadores foi logo estabelecido: o padre voltava de uma benção a uma churrascaria recém-inaugurada, disse seu advogado, que ouviu do delegado: “é, doutor, a carne, mesmo se for picanha, é fraca!”.

Um comentário:

  1. Excelente texto, Alaor.

    Quem sabe o nosso padre concorde com a dialética de Fausto de que "o caminho para o paraíso é pavimentado de más intenções".

    Valeu a tarde.

    Abraço.

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