terça-feira, 18 de agosto de 2009

Menos hedionda

Menos hedionda só se vista de máscara, calada e preferencialmente a distância. Os pés “o que é que há?”, compostos em cento de vinte graus, a protuberante barriga sobre a braguilha aberta, como amparo aos vastos tratos, não abrem margem a questionamentos sobre a existência do diabo.
Pois comendo o jiló fresco socado ao sal, em mordidas alternadas com o pão de mel, enoja o pobre que a ela se vê obrigado a dirigir, a fim de pagar a conta de seus víveres. Caixa. Sim, a inconveniente é caixa da loja de conveniências. Deixa a fila crescer enquanto, aos bocados e sobras, pára a lida, como agulha antes de completar um ponto. Olha irritada ao próximo, e mastiga a pergunta óbvia, em tom agudo: “o qué qui vai?”.
Vi Polidoro perder ordem. Oposto essencial à interlocutora, contou as moedas, depositou-as sobre o balcão junto com a latinha de massa de tomate, e com voz de lorde, na calma de um dever, dirigiu-se a ela, profundo e grave: “vai à merda, ô coisa!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário