domingo, 9 de agosto de 2009

O sapo suplicava


O sapo suplicava vou-vou-não-vou-não-vou-vou, ela ficava às moscas. Comida de sapo, degenerando os desejos, louca para levar a solidão pra fazer compras. Naquele ambiente bucólico-distante, de medo, medo de nada de verdade, Fátima não saia da casa, sede da fazenda. Namorou improvável o moço da novela das oito, sem ser vista aos beijos com a tela luminosa. Pedalava a Singer, auto-punição, agora, para se identificar como a mulherzinha da história, na costura das fúrias. Troco ruminado para depois. Desforra prevista à truculência do Batista, que pousara lá o Cessna 172, ciumento, para deixá-la à margem da pista clandestina. “A casa é naquele rumo. Tem tudo lá, inclusive o rio do lado. Cuidado com as cobras”, disse o canalha que a seguir voou. Um mês ou mais. Viva alma, só de bichos. Não é pouco. O amor que virou passado está bem guardado nas vagas lembranças. Batista só desconfiou de Mário, seu sócio no tráfico. Se tivesse certeza, Fátima não teria pousado. Cairia do céu, como as chuvas, que nessa época do ano descem pesadas.

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