sábado, 29 de agosto de 2009

Como duas folhas

Como duas folhas no caule, Heitor e Gorete, não se largavam. Mesmo antes do crime, sempre agiram sob violenta emoção. O mais conceitual e famoso atenuante para os crimes passionais, a “violenta emoção”, começou com tabefe de Gorete, na face esquerda de Heitor. Não viu incoerência alguma no gesto. Despir-se no mar, até a quase nudez, era permitido e comum, como argumentou Heitor, porém nos mesmos trajes, dentro do quarto, com sua cunhada Claudete, denotava uma espécie de trilha secreta para o romantismo, concluiu Gorete, encolerizada.
No revide, o rapaz acabou se excedendo na força, e lançou a noiva sobre a quina do criado-mudo, sem dizer uma palavra. Emudeceu de vez, de pavor, ao perceber que a amada não reagia, absorta a olhar o teto, sobre o filete vermelho. Pediu silêncio aos gritos da cunhada, com o indicador ereto sobre os lábios embicados. Pôs-se de pé, para olhar aquele quadro do alto, e desatou um choro que nunca mais teve fim. Foi ouvido da cela 1 à cela 12. No manicômio, é mantido sedado, para o silêncio dos loucos, enfim.

2 comentários:

  1. Oi, Alaor, tudo bem?
    Tomamos a iniciativa de divulgar o seu blog em nosso site www.muito.com.br.
    Qualquer duvida, reclamacao ou sugestao favor entrar em contato portal@muito.com.br. O site serah atualizado automaticamente atraves do link RSS do seu blog. O site ainda estah em fase experimental.
    Abracos!
    Luciana
    (lembra de mim, do Jornal Galeria?: )

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  2. Oi, Luciana.

    "Eu sempre quis MUITO,
    mesmo que parecesse ser modesto".
    Obrigado pela divulgação.
    Ah! É lógico que me lembro do fanzine e depois Jornal Galeria, um show!
    Abraços,
    Alaor Ignácio

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