segunda-feira, 20 de abril de 2009

A velha e amarelada fotografia

A velha e amarelada fotografia rearma galhofarias. Nossa turma da escola.
Da esquerda para a direita, agachados, vê-se intrépidos juvenis com os cérebros repletos de asneiras. Julinho Geringonça, prestes a soltar um peido dissipador de diálogos, é o primeiro, de sapatos sujos. O mais gordo, Honorião, logo ao lado, morreu vagaroso, atropelado pelo trem. Perturbado, o loiro a seguir, espera apenas a liberação do fotógrafo para escalar o muro, e fugir da aula. Pouca gente soube, mas contou depois que durante a foto esfregava o ombro nos minúsculos seios de Lurdinha, que era filha-de-Maria e sabia de cor os dez mandamentos, em latim. Não me lembro dessa outra, de saia xadrez, mas ao lado dela está Giovana, a magrinha dadeira.
Os mais altos estão atrás, de pé pela pátria.
Esse uniforme azul e branco era o orgulho do diretor, e o desespero das mães. Todas as mãos direitas eram postas, matinais, do lado esquerdo do peito, para o Hino Nacional.
Carlão, Sofia, Passado, Zézito, Carioca, Gorete, Medonho, Laurinha, eu, Cida e Tuberculoso, à esquerda, depois do Padre Gonçalo, éramos do centro acadêmico. Só não sei qual fim levaram essas duas, meio apartadas à direita. A gorda, ao lado da feia.

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