quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pouco disseram-me

Pouco disseram-me que eu não soubesse. Enfim, haveria a tal missa de sétimo dia, sem que antes houvesse um morto, e os convites já estavam distribuídos. O olfato foi enfático: tratava-se de uma cagada. Os primeiros peidos se faziam sentir na rua da igreja. Uma aglomeração de meros curiosos, acotovelando a vez de sua entrada no templo.
Mara, a canalha. Godofredo, o bisbilhoteiro. Mário, salafrário. Outros tantos apostos adjetivos cujo teor da desqualificação dispensa menção ou rima pobre. Alfredo, o bêbado, foi feliz: - Que porra é essa, se o defunto nem morreu?
Perto das seis, eis que ele aparece. Trajava um terno inglês, pulôver ocre, pulseiras e corrente de ouro desproporcional: - Gente, aí. Quero comunicar que foi um erro da gráfica. O convite era de festa, entedeu? Já que estamos aqui, comunico que faço aniversário hoje...

Um comentário:

  1. Olá Alaor,

    Achei muito interessantes os seus escritos. Eu os definiria como cacos de vidro nas frestas da calçada cosmopólita.
    Gostei do ar de "cutucar a onça com a vara curta".
    Dá pra entender? É mais ou menos como soprar no olho do cíclope.

    Um abraço.

    Sérgio.

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