A fêmea golden retriever, de expressão mansa, via serena a chuva. Tempos memoráveis, de passeios nas praias. O casal de basset hound dormia, sonhava e latia para o próprio sonho, sem tédio ou motivo. Lembranças, quem sabe, do sítio na serra. O cocker Carlos coçava o focinho, como fazia na praça, nos passeios ao entardecer. Inês, a pequinês, permanecia na dela. Inerte e estirada na poltrona de couro, comprada com alegria na feira de artesanato de Belo Horizonte. Trator, o labrador chocolate, olhava, ansioso, a porta de entrada, como se tivesse marcado compromisso com alguém que voltaria. Só Dutra, o são bernardo amigo de todos, insistia em ir para o quintal sob a garoa. Devia estar apertado, coitado.
André de Paula Ribeiro era conhecido no bairro pela coleção de cães de raça que possuía. Gorete e Elizete, vizinhas redondas e ociosas, nunca perdiam a oportunidade de ganir a uma eventual terceira interlocutora: “se eu tivesse namorado o André faria como as outras. Receberia o filhotinho, mas depois, meu bem, devolveria a ele. Eu, heim, cuidar de cachorro!”.
domingo, 12 de abril de 2009
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Olá Alaor,
ResponderExcluirMeu nome é André de Paula Ribeiro e eu achei curiosa a sua crônica exatamente porque você utilizou um nome igual ao meu e por eu adorar cachorros.
A crônica a qual me refiro chama-se " A fêmea" de domingo, 12 de abril de 2009.
Abraços,
andredpr@hotmail.com