quinta-feira, 30 de abril de 2009

Repleto do uísque

Repleto do uísque adulterado pôs na cabeça que amara Clara e, no estomago, dois comprimidos de engov e uma latinha de água tônica. Suas palavras foram contrárias as de todos na festa, e as palavras de todos contra as suas. Era o que se lembrava, além do olhar cego para o ambiente não muito visível em suas lembranças tortas.
Como se fosse deus o pré-fixador de seu dia de agonia, rezou pais-nossos, para ajudar a memória. Clara, Clara, claro que esteve lá. Mas e depois? Lentamente teria se afastado? Saltitante fora aos tchaus com dois beijinhos ou saíram juntos? Qual a extensão e forma do escândalo?
O toque agudo da campainha dói no seu insolente torpor. Abatido abre a porta. É Clara. Traz uma garrafinha de gatorade e um sal de fruta eno, ambos sabor laranja. Cítrica e sorrindo, dá-lhe um beijinho nos lábios: você não me ligou?

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