domingo, 19 de abril de 2009

Dorotéia me deixou


Dorotéia me deixou. Bati a manga no leite. Queria conhecer os matizes da sorte, para permanecer na vida. Uma bala Mentu’s, dois copos de coca-cola diet. Explosivo, nada. As borbulhas não alcançam meus anos. Uma taça de vinho e fatias de melancia. O máximo de barato foram recordações da mocidade, e o gosto da infância, enfim, juntos. Pimenta malagueta para exacerbar a úlcera. Arroto de escárnio. Erupção de gases ruidosos em dó maior.
Cresci ouvindo que mulher que come pé de galinha vira bisbilhoteira. Que carne vermelha, na sexta-feira da paixão, é pecado do roxo. Então dei pra misturar as coisas: pipoca com arroz, sanduíche de pizza, café com soda limonada, sardinha com farinha de pão, o simples com o amoroso. Deu no que deu.
Elália misturei com Deise. Rosária com Bernadete. Horácia com Juliete. As compromissadas alianças de ouro maciço são menos um compromisso, do que uma memória. Não desacreditava das coisas até ontem. Tudo provei, depois que Dorotéia me deixou.




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