segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cavalinho da mamãe



Cavalinho da mamãe. Criado entre vacas gordas, Dagoberto Junqueira e Silva Filho, petiz, pedia volta e meia uma volta na égua quarto-de-milha Diane de Windsor IV, de sua mãe, dona Alexandra Mary Cunha Junqueira e Silva, sangue azul entre os pés vermelhos do Haras Dallas, na Fazenda Santa Serafina, no noroeste paulista. Lá viviam, entre vôos ao Texas e compras na Saint Germain dês Pres, em Paris.
Cresceu agro. Possuidor de secretas leis para o convívio comum. Requeria ao capataz a aurora e o poente. Comprava primaveras e verões, barganhava invernos ainda no outono da adolescência. Nunca deveria ter ido àquele baile.
Seu corpo da batalha chegou estirado, no banco traseiro da 4x4, com o mini-aparelho de DVD do veículo displicentemente ligado para os passageiros então inexistentes. Na telinha de cristal líquido, gotas de sangue rubro marcavam o marrom escuro do chapéu de John Wayne, que falava manso no filme Rastros de Ódio: - Foi um coice de cavalo selvagem!

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