Postas por trás, as algemas continham os gestos de Edgard Phyjulles D’imartti Netto, sonegador profissional e proprietário de imóveis para aluguel.
Suar o suor alheio soaria nojento. Melhor, do alheio, extrair-lhe a riqueza do trabalho, e devolver-lhe nada, ou elogios baratos. Tal fez a família Phyjulles D’imartti, na noroeste paulista. Bisavô grileiro, avô fazendeiro, pai empreiteiro. Do primeiro uma herança de matanças. Do segundo, as diversões pelo mundo. Do terceiro, negociatas, o tempo inteiro. Se dela poderia sair alguma coisa, boa, não seria.
Entre franças e champanhes, lembranças nobres e vaidades pobres, surge o acusado: Edgard, já neto. Ao escrivão de polícia que lhe replicou a pergunta: “do quê?”, para preencher o sobrenome da família, Edgard não pode encher a boca de Phyjulles D’imartti, como faziam os seus avós, pais e tios, nos encontros sociais. Teve que soletrar: p, h, y, j, u, l, l, e, s, suando frio, nojento de raiva.
- Ô Vandílson, conduz “o autoridade” aqui pro quartinho 21. O safado foi flagrado furtando os toca-CDs dos carros no estacionamento da família. Quis culpar uns inquilinos aí. Diz que os caras são inadimplentes...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
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Meu caro Alaor,
ResponderExcluirObrigado pelas palavras generosas. Eu costumo pensar este espaço virtual como um palco no meio do mundo.Uma Ágora gigantesca e democrática da pós-modernidade(?).
Saiba que leio constantemente as suas micro crônicas cretinas. Eu sinto que há nos seus escritos uma certa proximidade (humildemente falando) com o que eu escrevo em versos e também em prosa. Veja o meu conto Aiabá.
Um abraço
Sérgio.