terça-feira, 21 de abril de 2009

Sem entender o avesso

Sem entender o avesso, do avesso, do avesso, do avesso, dos versos de Caetano Veloso, Leonor recebeu o Diabo. Não por opção, mas por possessão do segundo.
Léo, o mais velho, chamou o padre exorcista. Jura, a mais nova, o pastor arrancador de demônios. E a arquiduvidosa sessão teria início, não fosse o lero do reverendo a Léo: - “impressionante como o Diabo ama os vícios, por isso os espíritos maus, larvas e demônios pegam gente como sua mãe”. Em nome de Jesus, o evangélico avivado morreu de rir. “Isso está do jeito que o Diabo gosta”. Cada qual, com suas fúrias desnudas, deu pra tinhar o satã alheio. Vade retrum, desmascarador de hipocrisias, olheiras papudas, beiços sensuais pendentes, deboche histérico.
Leonor serpentou o corpo. Gaguejou sílabas guturais. Rodou a bunda na calça jeans, como se vestisse saia, e gargalhou escancarada, quando pastor e padre caíram no piso de porcelanato. Vou marcar outro botóx, confessou aos filhos.

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