quarta-feira, 21 de julho de 2010

A bolinha

A bolinha de espuma incha e desincha no canto da boca. Adelaide respira e cria situações embaraçosas. Magríssima, como cachorro de rua no inverno, soma desenganos com o passar dos dias. Primeiro foram os amores, que a deixavam inevitavelmente sozinha, minúscula na vida. Depois, os médicos, estetoscópios em riste e falas ocultas às tias remotas, que tumultuavam a saleta do quarto daquele hospital de paredes lisas e desalmadas. Não passa da semana. Há meses disseram. E externaram suas impossibilidades com a famigerada frase feita Foi feito tudo o que era possível. Adelaide melhora a olhos vistos. Desfocados se parecem, pela espécie de nevoeiro entre visão e foco. E ela esboça sorrisos irônicos. Vinga-se da vida como pode.

Um comentário:

  1. Andei sumido. Muita chuva e muito trabalho.Agora posso ler de onde parei, lá atrás, em junho. Além do deleita da leitura, às vezes colho um pouco de inspiração por aqui.
    Querido amigo Alaor, Grande abraço e cá estou rezando pra chegar o verão.

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