quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sentia delirium

Sentia delirium tremens quando bebia pouco. Fosse nada, e morreria talvez, sem delírio sequer. Mas além das formigas laboriosas, insetos inatingíveis e monstros raivosos, viu a irmã Veridiana como uma garrafa de aguardente andante. Com esguelha argúcia e obsessiva intenção capturou-a pela cintura como quem pega a botija. Era preciso abrir-lhe o gargalo para sorver a seiva do alívio à alma. Veridiana estrebuchou e agonizou cinco horas, antes de ser vista pelo convidado do irmão, o vizinho Acácio, que por lá apareceu para um “gole da boa”. A estranha embriaguez dos dois nunca pode ser explicada direito à polícia que, com raiva além da média, fez a história ir parar nas manchetes de jornais.

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