segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tomados pela

Tomados pela sensação comum de espanto todos os integrantes da excursão desceram da velha Kombi. O perceptível aumento de seus movimentos de braços e falas pelos cotovelos não deixavam dúvidas quanto à intensidade do medo. Parar ali, naquele buraco de vila periférica, era em si uma exclusão do mundo seguro a que estavam habituados. Pausa movediça para um lado sombrio do alegre final de férias. Não tardou que um deles indagasse: “e se aparecer algum ladrão?”. Ou um estuprador?, completou outra. A tensão só não era maior porque a rua se alargava ainda mais a poucos metros dali. Via-se de longe todos os movimentos umbrosos. Desde que de lá o vulto caminhou em direção a eles pavores íntimos reforçavam o ruído daqueles passos. Identificaram um homem, sua aproximação lenta, seu admissível intento ameaçador. A menos de dez o sujeito olhou-lhes diletante. Olhar manso, afetivo. “Meninos, vamos até ali na minha casa para vocês ligarem aos seus pais. É perigoso ficar aqui na rua numa hora dessas...”.

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