terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Procedeu mal

Procedeu mal, arrependeu-se e prometeu comportar-se bem na próxima vez; se cumpriu ninguém sabe, ninguém viu, porque se mudou da cidade. Disse ter feito um poema religioso, acusaram-no de má-fé. Disse ter amado muito todas aquelas pessoas, foi taxado de promíscuo. Não havia moral disponível ao próximo passo. Seria errante. Erradio nos erros pelo mundo afora, mas encontrou a seita, perdida na mata ali bem próxima. Um jeito, enfim, de arrumar o mundo com seus gestos. Subiu de fiel espectador a sacerdote, promovido. Passou a oficiar funções nas sessões: espécie de magia, cultos ou sabe-se lá qual missa. Quem da cidade o viu fez logo o sinal da cruz. O exilado cresceu. Caridade, amor ao próximo, cordialidade, seriam decisões que viriam tarde. Eliminá-lo, talvez fosse prudente. E a cidade procedeu mal, sem arrependimento. O homem que não era nenhum santo foi dizimado numa emboscada certeira. Ninguém soube ou sabe, ninguém ouviu ou viu. A cidade permaneceu onde sempre esteve.

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