terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lambuza com groselha

Lambuza com groselha depois vem pedir fatia. Sabe que eu odeio doce. O preço de meu descanso é um belo salgado. Quanto muito, neutro de gosto, como esse pão. Mas não. Quer sempre cobrar açucarados pedaços da minha pouca paz disponível. Dulce é assim, dulcificada. Desmonta um muro com seus lábios de mel, melosa até as sardas, viscosa.
Dou um duro danado por essa sem sal, e ela adoça. Talvez sirva de sonho aos homens presos nas celas, para mim é encosto superlativo. Rapadura, ambrosia, quindim, sei lá. Formiga sem ferrão é que ela não vai ter. Comigo, não. Não sou de fomentar glicoses. Sou homem de salgar cafezinho, temperar manjar ou jogar sal grosso em trufas.
Ah, Dulce, você não imagina, mas entre o sopro da minha boca e o nó que carrego no peito ainda hei de fazer de você uma charque ou uma bacalhoa. E nem pense que vou te deixar de molho na água corrente. Que esperança!

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