quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Caiu do cavalo

Caiu do cavalo de tanto consultar o pai dos burros. Não sabia que o Cabrera Infante já dissera isso, e quando lhe perguntaram quer conhecê-lo? disse apenas “fim flaro”, com a língua presa, que fempre fubstituía o esse pelo efe.
Era de um pedantismo em êxtase. Apegava-se aos clássicos sempre que as discussões partiam para a literatura contemporânea. Tinha a Ilíade na ponta da língua (como você sabe, presa), sempre disposto a afogar o verbo, ainda que este soubesse nadar em águas bem mais palatáveis.
Pois foi no Sarau de Bia D’Ouro e Silva, balzaquiana benemérita, que decidiu atacar de Sófocles, mais para bufão do que para súdito do Édipo Rei. Ouvintes enveredaram para a sussurrada prosa paralela, jocastas dormiam, creontes gargalhavam discretos, com as mãos sobre as bocas, quando o narrador se irritou, definitivamente, hora e meia depois: “fenfibilidade de fuínos essa que vocês tem”.

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