terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O aloprado chorou

O aloprado chorou quando a utopia vingou. O mocinho, enfim, beijava a mocinha no final do filme. Potencializado pela ilusão, voltou para casa com os olhos marejados e o cérebro indócil. O escapismo vivido há pouco na comédia romântica tocava-lhe a alma pelo contraste de sua dificultosa relação com Argemira. Como na história do mocinho e da mocinha, ocorrera entre ele e Argemira sucessivas trocas de olhares climáticos. Juntos, passaram por situações de enfrentamento a vilões, como na tarde em que Jurandir pagou o famigerado sorvete de morango à moça; lutaram contra a natureza, naquela chuva que pegaram juntos no retorno do piquenique da igreja; trocaram insultos leves, por ocasião da recusa de Argemira ao convite para a quermesse; mas entre os escombros de tantas aventuras, a história do amor não lhes reservou um final feliz.
Pegou o telefone, e ligou seco para Argemira: “Você assistiu ao filme do Cine Royal?”. Emudeceu, estático, e nem quis comentar mais nada, quando a ingrata disse que sim, mas que não havia ido sozinha...

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