quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Xinxim só sem dendê

Xinxim só sem dendê. Hot-dog sem salsicha. Nenhum fubá no angu. Seu desejo pelo inexistente jamais lhe permitiu lamber os beiços bestiais. Fabrício era fecundo na imaginação torpe, mas, por desconfigurar o óbvio, queria o amor de Adalgisa. Sestrosa e sagaz, a mulata era do dendê, da salsicha e do fubá. Quando focou Fabrício soube de estalo que, ali, não haveria tempero para as carnes. Nem trela lhe deu, para que não a culpassem depois pelo fracasso do rapaz, querido pelas tias e por todos que mandavam naquela casa arcaica.
A moça continuou solene a faxina sem fim, até a repulsa... Fabrício a tomou por trás, feito a sem-vergonhice que Godô, o poodle solitário da casa, tinha o hábito de fazer com as pernas das visitas. Fingindo gostar daquilo, a mulata não mudou as regras do jogo. Virou-se como uma loba e lambeu o tarado do queixo aos olhos. Babou-lhe no nariz e chupou-lhe a orelha esquerda. Assustado, o rapaz recuou. E meio chorando, meio esbravejando, soluçou a advertência: “sexo só sem baba”.

Um comentário:

  1. Olá Alaor,

    Meu amigo, o "seu" Fabrício não está com nada. Você,como sempre,vai temperando com maestria as palavras nessas crônicas com gosto de Brasil.

    Abraço do seu leitor assíduo.

    Sérgio.

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