quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Com a agonia pândega

Com a agonia pândega do galo depois da briga, Marco Aurélio ainda quis retornar à boate, onde três brutamontes socaram-lhe a vivacidade bêbada. Era madrugada e o excesso de miudezas morais das quais perdeu a conta o faziam parecer uma orquestra desafinada e decadente, que insistia em tocar mais uma.
Com a cabeça chacoalhando fragmentos da dança que não terminou, do copo que entornou capenga, da catharsis no palco dizendo-se a reencarnação de Hendrix, Marco Aurélio balbuciava palavras inaudíveis aos poucos passantes. Nem demorou demais a expor seu ridículo em golfadas de mal estar, que fizeram os dois enormes seguranças afastarem-se de seu entorno podre. Situação mais do que propícia para Marco Aurélio avançar em direção à porta da casa noturna, colocar as mãos trêmulas em cone imperfeito e gritar a parcos pulmões: “volte pra mim, Madalena!”.

Um comentário:

  1. aÊ, Alaor

    obrigado pela dica do FIT e pelos votos de vida longa ao blog, um dia eu chego à constência sagaz e precisa de um cretino microcronista.

    Estou adorando acompanhar estas cretinices preciosas.

    Abração,

    Alexandre.

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