quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dado o espaço

Dado o espaço disponível entre as pernas, pela falta de virilidade ética, guardou na cueca a bolada de dinheiro que recebeu do governador para dizer “sim”, quando sim, e “não”, se não, de acordo com a vontade do freguês. Sentiu um comichão com a própria importância, e saiu do palácio sorrindo para os seguranças e faxineiras. Acreditar nas várias possibilidades de ganho simultâneo, nas verdades que criava e na impunidade nacional, sempre facilitaram-lhe o uso da mentira.
Passou na revenda e levou um carro zero à mulher. Da joalheira, comprou um pequeno colar para a amante. Mas foi no açougue que fez a festa: esnobando farturas para o churrasco com os comparsas. Só não imaginava que Dorival, o braço-direito, resolvesse ceder a mão para o cumprimento dos adversários, e as meias para armazenar os mimos financeiros da contra-informação.
À polícia, que descobriu a bandalheira e colocou tudo na mídia, justificou-se convicto: “tenho uma conta no açougue, doutor. Estou devendo, inclusive, oito peças de picanha!”.

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