quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Auroras atrás

Auroras atrás, Georgete era um rio interminável. Águas inspiravam suas batalhas, fluídas e abundantes, contra as mais corriqueiras situações mesquinhas – como a fila de um banco; ou contra as mais amplas emboscadas do amor – feito o fim do namoro, com insosso Odécio.
Agora Georgete é poça. Tão parada que virou madeira. Boneca russa num improviso sucessivo de georgetes atrás de georgetes. Uma menor do que a outra, para caber dentro de uma mesma Georgete vaga. Pode ter sido pelo uso em série de “todavias”. Adequação de Georgete às situações extremas, nas quais passou a se desculpar pelas inundações que causava. Mas pode não ter sido!
Georgete perdeu os prodígios aos remansos. Estacionou suas águas nessas várzeas sorrateiras da maturidade. Nem bungee jump Georgete pratica mais. Do alto de sua experiência com a vida, Georgete ficou com medo de altura. Cristal do seu próprio espelho, pelos próximos poentes.

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