terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cantou antes do galo

Cantou antes do galo o estio de sua liberdade. Tarsício esteve para se livrar de Tuca, quatro filhos depois de ser levado por ela adolescente, para conhecer a marca de nascença que tinha nas proximidades da virilha esquerda. Sempre foi assim, a Tuca: atirada nos propósitos e resoluta nas conseqüências. Foi pelo trabalho dele, mas pela vontade dela, que compraram a motocicleta cross azul. Quando nasceu Tuta, o primeiro rebento, a moto virou um karmann ghia vermelho. Com Tarsila veio o fusca branco. Veio o Passat verde com Tutaméia. Veio a van ocre, com Terêncio. Profícuo em filhos, o casal voltou-se aos gatos: Fifi, Janjão, Japinha, Turano, Ron, Tatá, Mimi, Bichana e muitos, inúmeros, que pelos dois quartos da casa visitavam os habitantes de sua espécie. Estrume animal e merda humana exalavam os hábitos de Tuca e Tarsício, deveras conhecidos no tradicional bairro boêmio.
Se Tuca reservasse sua marca de nascença a Tarsício, aos filhos e gatos tudo iria bem, mas a caprichosa deu para torná-la conhecida dos moços da vila. Tantos, cujos nomes não se diferiam muito do dos gatos. Tarsício decidiu debandar. Com a van cheia de filhos, deu partida para a fuga, quando, de dentro da casa, ouviu uma Tuca aos berros: - Vê se não me volta sem duas dúzias de pães e um saco grande de ração, heim?

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