segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Era de cristal

Era de cristal o coração de Katherine, mas parecia de diamante. Não que fosse uma jóia, e até quebrava, mas Claudnei nunca supôs que seria por ele. Desligado feito poeta em pregão da bolsa de valores, o rapaz contava confidências à coitada. Dizia de sua paixão por Daiane, de seu caso com Karolaine, sua vontade doida de brincar com Jakelline. Ela ouvia e guardava. Depois chorava, escondida.
Tanto escutou, tanto pranteou, que deu na telha de Kath dar um basta à vida besta. Nem tinha terminado a faxina da sala do doutor, quando pulou do décimo andar do escritório. Colocou antes, no correio, uma cartinha a ele, onde contou tudo, desde o dia em que ela chegara do interior e o vira pela primeira vez. Guardou a lembrança na memória da esperança: primeira figurinha de um álbum que nunca conseguiu preencher. Claudnei nunca entendera nada de corações de mulheres. Ainda nessa hora, imaginou que Katherine promovera a cena derradeira apenas para, como dizer... sacaneá-lo.

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