sábado, 26 de dezembro de 2009

Imposto é que ele

Imposto é que ele não iria. Por vontade de Lauranda, talvez. Muitos foram aqueles que sugeriram o exame de sangue. Ele, reticente. Mesmo o surgimento de novas manchas não maculou sua inabalável indiferença. A quem queria saber, dizia que estava disposto a pagar sua absolvição, embora sem saber direito qual seria o crime. Como o coadjuvante certo numa peça sem enredo, Octacílio enfim foi convencido por Lauranda.
Doze horas sem comer, ansioso, dirigiu-se ao laboratório de análises sanguíneas. Aproveitou para verificar seu estado geral, o que foi um erro. O DNA demonstrou que Lauranda, de fato, não era a sua filha. O ácido úrico, porém, estava extremamente alto, o que significaria o fim de suas cervejas com os amigos. Medicado, voltou para casa contorcendo-se com diarréias, efeito colateral dos remédios para o ácido. Pálido e desconsolado, ainda dirigiu-se à mocinha que criava como filha: - O sangue só prescreve tragédias. Eu bem que supunha, Lauranda, que esses exames todos resultariam em inúmeras cagadas!

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