domingo, 6 de setembro de 2009

Intestino imperativo

Intestino imperativo é uma merda. Bexiga irascível não admite lentidão. Fernando é sujeito bom. Caga e anda para as maldades alheias, mas anda um pouco menos. Tem contrações, diz o infeliz. Basta uma colher de aveia, um naco de cenoura ou qualquer nada-biótico e a coisa desanda. Pede aquela licença ligeira, minutinho por favor ou vou ali e já volto, e some. Volta claro, lívido e descompensado.
Por conta dessas descortesias involuntárias perdeu Gabriela. O emprego de atendente, foi pior. Estragou passeios turísticos e subidas de elevador. Dispersou velórios, profanou missas dominicais, o diabo. Afligir o síndico, em plena votação das novas medidas, na reunião anual do condomínio, custou-lhe os tubos e uma advertência. Mal menor, a advertência, para quem tem tubos digestivos tão soltos e complexos. No fundo, foi bom. Um certo alívio. Tomou coragem para construir a nova casa: sala, quarto, cozinha e seis banheiros. Anda meditativo, mas se sente literalmente em casa, mais próximo de si.

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