quinta-feira, 10 de setembro de 2009

De moral irriquieta

De moral irriquieta, Ademires dera agora para paramentar os tornozelos. Andava como se possuísse asas nos tendões de Aquiles, uma diaba de uma Mercúria, desfilando na velocidade do vento, como se o bar do Zezão, atormentado por homens e álcoois, fosse o Monte Olimpo. Um dia, era um lenço. No outro, uma correntinha com imagem de santa. Houve até fetichistas algemas, dispostas aos pares, tornozelo a tornozelo. Ela, em cima, forçando os olhos alheios a olharem para baixo. Os homens lá, seguiam um, seguiam outro, pensando só com a visão.
Até era uma moça recatada, porque isso de se embriagar aos sábados, quem não se embriaga? Tanto fez, porém, que se envaideceu além dos porres. Deu pra ficar em pé, na porta do Zezão, estática, para ser apreciada. Do bar, todos se mantinham igualmente estáticos, a apreciá-la. Sábado passado, surgiu Estrupício, o vira-latas da vila. Olhou os algodões que envolviam os tornozelos de Ademires, "estilo flocos de neve", e grudou neles, com as duas patas. Pensou numa poodle-toy, sabe-se lá, mas fez o bar explodir em gargalhada.
De moral irriquieta, Ademires dera agora para paramentar as acsilas...

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