quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Quis quixotar

Quis quixotar sem ser besta ou visionário. Quebrou a cara. A farinha do moinho santista era por demais grudenta quando misturada à água. Idalina, que usou como Dulcinéia, não viu doçura no gesto estabanado de receber o bolo, “que ele próprio faria”. Foi meleca de chiclete aquele encontro, que tinha tudo para ser grudento e lento, com sabor de hortelã ao invés do hálito baforento de Anacleto. Pior que a massa mal sovada foi a conta que a moça fez sobre a língua do desastrado: nem de libido, de fala mesmo. Língua afiada e fofoqueira, que levaria à fogueira aquela santa pela sua espavorida inquisição. Do alto de seus castelos, Idalina viu frustrarem-se os sonhos, e decidiu de vez procurar outro padeiro. Preferencialmente com prática em forno.

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