domingo, 22 de agosto de 2010

Devoto à lógica

Devoto à lógica indignou-se com a opção de Célia. No fundo, sentiu uma inveja inevitável ao ver a moça no vaivém da água, despenteando tédios e maquiagens. Magnânimo, ordenou aos seguranças que a retirassem da festa. Onde já se viu? Aquele calor que não se dissolvia dava justificativa ao gesto da mulher de saltar à piscina, mas e os convidados? Que diriam as senhoras presentes? No outro fundo, previu que aquele romance com a secretária acabaria mesmo, na água ou na terra. Eram por demais retóricas as juras que fazia às tontas, nos vieses da moral falida. A fábrica, não, essa ia bem das pernas, mormente depois do capital aberto aos novos investidores. Não fosse a piscina, novos sócios também desejariam Célia. Melhor uma decisão tomada assim, nas aparências, por justa causa.

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