sábado, 21 de agosto de 2010

Minotauro tenso

Minotauro tenso na labiríntica favela, meio Creta, meio ramblas, ruivava aos manos ódios de touro com o corpo de gente aos braços. O filho, bala perdidamente desfalecido, ainda com os olhinhos atormentados pelos gritos do pai à altura dos seus. Mato quem foi. Tu és cova, mano. Tu és tumba. Traz cá esse teu esqueleto-esquife pra receber o que merece. E nada ou ninguém. Nem luz sobre a rubra criança, nem tardios estampidos de uma ou outra arma de fogo. Tácitos silêncios ante a fúria do chefe, o boss, o dono, o minotauro enfim domesticado, manso de dor, touro abatido pela morte do bezerro. Justo ele, no declive atemorizante da eternidade. Ele, que sempre se imaginou imortal.


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